domingo, 7 de agosto de 2011

Uruguai, julho 2011



País das grandes planícies festeja bicentenário com o troféu da Copa América; ao olhar estrangeiro, a sensação de um povo carregado de esperança








Comemorações na Praça, com a presença de Mujica (de boina)


O Uruguai comemora neste ano seu bicentenário de independencia, e no último 18 de julho (data que dá nome a uma das principais avenidas de Montevidéu) o presidente da república José Mujica participou de solenidade comemorativa na Praça da Matriz. Ao observador estrangeiro, como esta autora, impressionou a absoluta ausência de ostentação, tanto no ato em si quanto na segurança. Caminhando pelo meio do público, ladeado de um pequeno grupo de aliados, Mujica não teve palanque nem foguetório. Igualmente singelas, as placas de reivindicações de aposentados ou em defesa da reforma agrária feitas em folhas de sulfite e escritas `a mão nem de longe lembravam as grandes faixas e balões das manifestações brasileiras contemporâneas. Coincidentemente, neste mesmo dia os jornais uruguaios traziam como manchete a morte do ditador e ex-presidente Juan María Bordaberry (1972-1976), que cumpria prisão domiciliar depois de ter sido condenado pelos crimes cometidos durante seu mandato.

`As vésperas de disputarem a final da Copa América, os uruguaios deram ao olhar estrangeiro a ideia de um país muito parecido com um Brasil dos anos 70, mas, talvez pela disputa próxima nos gramados, talvez pelos novos rumos adotados na política, de um nacionalismo intenso carregado de esperança. Ao menos no futebol, a torcida já deu certo, já que os uruguaios bateram os paraguaios na grande final. Tomara que os muitos ventos que navegam pelo caudaloso Prata tragam também aos habitantes daquele país de planícies sem grandes acidentes geográficos (o morro mais alto ali tem pouco mais de 500 metros de altura) o desenvolvimento esperado. Tomara. Porque assim merece o pequeno vendedor do mercado do Porto, cujo nome não soube mas será sempre o encantador ' Purf' , e toda sua geração.