Fotos: Raquel Camargo
O texto abaixo, assinado por mim, foi publicado na coluna Memória do Diário do Grande ABC, do jornalista Ademir Médici, em 2 de maio de 2009, como parte do material comemorativo dos 50 anos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Mas acredito que muitas outras vezes seu Antônio será citado neste blog, em poemas e contos e, naturalmente, nem sempre com tamanha isenção (rsrsrsrsrs).....
Apenas um metalúrgico
Texto: Maria Angélica Ferrasoli
Antônio Ferrasoli nasceu em Jaú, em 4 de setembro de 1925. Filho de uma espanhola da província de Acehuche (Cáceres, Extremadura) e de um descendente de italianos da região de Rovigo, cresceu trabalhando na lavoura do café de cidades da região de Pederneiras, sem a chance de se alfabetizar, o que só veio a ocorrer mais tarde, já no período da adolescência. Desde pequeno, porém, ouvia as idéias e histórias da avó espanhola, anarquista, que lia para ele notícias de jornais e o estimulava a aprender.
Entre 1944 e 1945 trabalhou na Companhia Paulista de Estradas de Ferro, e cinco anos depois já estava em São Caetano, inaugurando uma longa carreira como metalúrgico: na Usina Colombina, GM, elevadores Atlas, Aços Villares, Usina São Francisco e, por duas vezes, na Volkswagen do Brasil, onde se aposentou em agosto de 1983.
Tinha paixão por política e sindicalismo. Admirava Luiz Carlos Prestes, teve sua fase getulista e, com as grandes greves metalúrgicas do Grande ABC do final dos anos 1970, passou a defender incondicionalmente Lula e seus companheiros, participando de todas as atividades. Sofreu muitas perseguições por isso, inclusive na própria família, mas se tornou referência no bairro (Parque São Vicente, em Mauá, para onde se mudou em 1977) quando o assunto era a busca de direitos - especialmente a questão previdenciária, que estudou e aprendeu na prática, ou a discussão política.
Seu prazer era a conversa, a discussão de bom nível, não o poder. Em 2003 foi filmado para Peões, documentário premiado de Eduardo Coutinho, cuja estreia chegou a assistir no ano seguinte, meses antes de morrer, em 10 de janeiro de 2005, inesperadamente.
Entre 1944 e 1945 trabalhou na Companhia Paulista de Estradas de Ferro, e cinco anos depois já estava em São Caetano, inaugurando uma longa carreira como metalúrgico: na Usina Colombina, GM, elevadores Atlas, Aços Villares, Usina São Francisco e, por duas vezes, na Volkswagen do Brasil, onde se aposentou em agosto de 1983.
Tinha paixão por política e sindicalismo. Admirava Luiz Carlos Prestes, teve sua fase getulista e, com as grandes greves metalúrgicas do Grande ABC do final dos anos 1970, passou a defender incondicionalmente Lula e seus companheiros, participando de todas as atividades. Sofreu muitas perseguições por isso, inclusive na própria família, mas se tornou referência no bairro (Parque São Vicente, em Mauá, para onde se mudou em 1977) quando o assunto era a busca de direitos - especialmente a questão previdenciária, que estudou e aprendeu na prática, ou a discussão política.
Seu prazer era a conversa, a discussão de bom nível, não o poder. Em 2003 foi filmado para Peões, documentário premiado de Eduardo Coutinho, cuja estreia chegou a assistir no ano seguinte, meses antes de morrer, em 10 de janeiro de 2005, inesperadamente.
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