sábado, 19 de maio de 2012

Impressões de um congresso

Encontro de gerações no 13º CECUTTrabalhadora química com seu bebê presente ao encontro em Serra Negra

Foto: Dino Santos


Acabo de voltar do 13º Cecut, o encontro estadual de trabalhadores da CUT, em Serra Negra. E volto feliz, porque esse, afinal, sempre foi o meio em que melhor me senti – uma questão de origem, classe e orgulho. Bem pra lá do nosso trabalho jornalístico, porém, fica o reencontro com boas pessoas, a conversa ouvida sem intenção de reportar, a observação descompromissada iluminada pelo fim do dia no grande e belo vale formado pela cadeia de montanhas que caracteriza a região.
É curioso, sim, observar a diferença entre as delegações e suas categorias. Os metalúrgicos, alegres, animados, amantes da música e da conversa solta; os professores mais compenetrados, sempre reunidos em grupo, como suas crianças nas escolas quando saem a passeio. Velhos dirigentes em comovida despedida, jovens chegando para as primeiras discussões, mulheres em campanha pela paridade na executiva da entidade. À porta do restaurante, uma conversa animada entre o vendedor dos jornais da Causa Operária e o militante petista traz o sabor de outros tempos e debates, numa cenografia em que se misturam as camisetas de Guevara e o bom humor de Mafalda; os vestidos ao estilão hippie e o bordado feito na hora. A mostra histórica com painéis de fotos lembra anos mais difíceis – ditadura, repressão às greves. E a viva coragem de tanta gente. (ou a coragem de tanta gente - Viva!).
Nem parece que tanto tempo passou desde o Conclat do Vera Cruz, quando, estudante de Jornalismo na Metô, fui com todos os meus colegas de classe fazer a cobertura para o jornal da faculdade. Nem parece, e são quase trinta anos. Tudo agora surge muito diferente, do encontro às propostas, do alojamento à organização, do empenho às formas de discussão. Há um outro País, uma outra condição à classe trabalhadora e aos cidadãos brasileiros. Há, também, uma outra repórter: outros olhares, como imagens sobrepostas passando rápido num álbum de fotografias que só a retina guardou. Tudo tão diferente. Mas então os metalúrgicos escolhem aquela velha música, e ela enche o ar e se mistura a muitas vozes, e entre todas elas, acima de todas elas, está aquela, inesquecível – voz que continua, e para sempre continuará, a discursar, a protestar, a reverberar e a cantar dentro do meu coração.  

Confira abaixo o link do video apresentado no Cecut:

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