sexta-feira, 17 de setembro de 2021




Voltei, voltamos

Quase dez anos separam esta postagem da última desse blog. 


Uma década de novas memórias e velhos sentimentos e, no meio de tudo, uma grande catástrofe. 


Uma pandemia que já levou a vida de tanta gente, que expôs o lado mais cruel de uma política imensamente distante das necessidades do povo brasileiro, que revelou o mais sórdido que se pode esperar de um dirigente.


E no meio de tudo, nós, os que acreditamos na esperança. 


Os que defendemos os direitos humanos. 


Os que nos formamos sonhando com a volta da democracia. 


Os que enxergamos estrelas e luares onde reina a escuridão.


É preciso emergir, é preciso recriar os laços e elos que nos mantém fortes coletivamente.


Então voltar e falar de tudo. Do tempo, das gentes nas calçadas, dos meninos que se arrebentam em suas motos velozes levando alimentos que não vão comer.


E desse céu que me vem de presente, dessa altura desconhecida onde ventos, tempestades e calores são mais intensos, e as coisas saem voando em desespero, as rajadas de chuva explodem nos vidros ou se derrete como gelo sob um sol incandescente.


Esse canto de mundo meu, que deve ser temporário como tudo é, onde centenas de janelas se acendem à noite para dizer: ei, estamos aqui também. O que será que sonham eles, habitantes de legos iluminados ao poente?


Emergir e sentar pra ver o tempo, respirar, reagir. Emergir porque se está vivo, ainda.


Voltar, voltemos.



 


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